Império, Love to Love You, Baby


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Rickyoncé é Imperatriz do Império Americano em
Império, Love to Love You, Baby


Festival tem 3 convidados especiais: Ricky Seabra, Luca Forcucci, Fernando Agra
ver toda a programação aqui

Império é uma performance/palestra doce, leve, inteligente e extremamente hilária sobre um assunto sério, alienante e até apavorante; o nacionalismo americano.
• Jornal De Standaard, Bélgica

O alvo da ofensiva de Seabra porém não está limitado ao nacionalismo americano mas também aponta para a instituição de preconceito e estereótipos que não americanos alimentam sobre a América e o seu povo. Em outras palavras, Seabra não está tentando fazer apologias da identidade americana nem está tentando ser moralista, mas ele se coloca exatamente no lugar onde a maioria das pessoas veem os EUA: os disseminadores da verdade sagrada. Seabra não tenta forçar esta verdade em você mas apenas lança uma luz nos seus mecanismos.
• Ana Schnabel, Festival Exodos, Slovenia


Seabra coleciona imagens de TV, filmes e Internet que cabem no tema. Um pouco como o Michael Moore. Mas o Seabra não sente a necessidade de convencer a sua platéia. Moore constrói os seus argumentos com um martelo - que tem o seu valor. Mas o Seabra o faz com uma piscadinha.
• Marc Cloostermans


Leia a crítica na íntegra embaixo das imagens.

Império Love to Love You Baby é a terceira performance solo de Ricky Seabra desenvolvido no Kunstencentrum Nona na Bélgica que questiona o Império Americano. Como artista brasileiro-americano que habilidosamente constrói e desconstrói imagens ao vivo em cena, Seabra mergulha a fundo na memória coletiva do nacionalismo americano. Utilizando-se de cameras, internet (viva o YouTube e Google Earth!), clips, caneta e papel, ele cria um mundo único em que a crítica e comédia passeiam de mãos dadas.

O que faz uma pessoa quando descobre que faz parte de um império sem imperador... ou imperatriz? ;-) Então aguentem as pontas que vem aí a uber-americana direta do Bronx...

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Empire estreou em 15 de junho de 2006 em Mechelen no Kunstencentrum nOna, Bélgica
Conceito, Texto e Performance: Ricky Seabra,
Direção: Dirk Verstockt
Dramaturgia em Português: Marcia Beatriz Bello
Coreografia: Sonia Destri
Produção na Europa: Kunstencentrum nOna
Trilha: Kreng
Montagem de vídeo: Stef Deneer
Consultoria historica: Jan de Pauw

Crítica:

Menos América, Mais Ternura!
Segunda, 24 de novembro 2008

Text: Ana Schnabl

Ljubljana – O Festival Internacional Contemporâneo de Artes Cênicas Exodos está acontecndo esse dias de novembro e entre outras coisas assistimos a performance de Ricky Seabra Império, Love to Love You, Baby, que o artista apresenta duas vezes na grade do festival.

Neste projeto, Império, Love to Love You, Baby, Ricky Seabra desconstroi fixações nacionais americanas.

Antes de ser desenhista gráfico para Miramax Films, Seabra se formou bacharel em comunicação visual e fez mestrado em desenho industrial. Nove anos atrás deixou o seu emprego e se mudou para Amsterdam para se tornar contador de histórias – performando no palco.

Contra o imperialismo

Seabra é portador de um passaporte brasileiro assim como um americano e é justamente esta dualidade que legitima o seu projeto apresentado na última sexta e sábado no Plesni Teater Ljubljana (mais precisamente, o “Imperial PTL Thetater” como ele o denominou) imbutindo este projeto com uma conivência muito apreciada. Seabra, uma espécie de palestrante/performer se desafia a descontruir fixações nacionais – se não nacionalistas – americanas que muito eficientemente conseguem penetrar na pele, ou melhor nas “almas do indivíduos”. Passa também pela fantasmagória do fenomeno da cultura pop pós 11 de setembro enquanto explica que os fundamentos históricos que levaram a tudo isso vêem de longa data. Ele fala como os pontos de interrogação no final de certas frases do hino nacional americano foram apagados para que não houvesse dúvida quanto ao senso americano de igualdade, liberdade e coragem. Discute a santidade da bandeira americana, o símbolico slogan da guerra do Iraque “Support Your Troops” (Apoie as suas tropas), a supremacia ética do exército americano e outras formas de comportamento imperial. Sua performance/palestra é cômico e satírico e se assemelha com a de um “stand-up comedian” com um conceito dramatúrgico excelente composto de animações ao vivo, hits, programas de TV, projeções de sites na internet e uma coreografia muito bem pensado e persuasivo.

Com a aparição de Rickyoncé, a nova Imperatriz que aposta num bootyliscious Estados Unidos da América – a ironia das tendências imperialistas americanas é trazida para o absurdo. Seabra, que em sua versão travestida, oscila entre o ponto de vista de uma estrela da MTV e a lógica de um Quaker, tem muitas idéias sexys e sugestões de como os Filhos de Sam podem realmente dominar o mundo. De qualquer forma, Imperio, Love to Love You, Baby, deixa o espectador com uma impressão ambígua. Fazer pouco dos ícones e símbolos americanos e recontextualizando estas imagens, é de fato uma crítica e certamente o artista se posiciona contra o imperialismo de sua terra natal que origina de um conciente coletivo demônico (ou como o autor diz: é sobre “deep shit”. O alvo da ofensiva de Seabra porém não está limitado ao nacionalismo americano mas também aponta para a instituição de preconceito e estereótipos que não americanos alimentam sobre a América e o seu povo. Em outras palavras, Seabra não está tentando fazer apologias da identidade americana nem está tentando ser moralista, mas ele se coloca exatamente no lugar onde a maioria das pessoas veem os EUA: os disseminadores da verdade sagrada. Seabra não tenta forçar esta verdade em você mas apenas lança uma luz nos seus mecanismos.

Crítica:
Segunda feira 19 de junho De Standaard, Bélgica: Teatro:
traduzido do holandês

Ricky Seabra raciocina com uma piscadinha.

América é um Império sem um imperador. Portanto, o Ricky Seabra se coroa Imperatriz. Devia ter percebido isto antes: a performance de Ricky Seabra, Império é concerteza algo mais do que gay. Havia, um soldado nu no cartaz com uma metralhadora automática cobrindo a sua genitália. Mas não esperava um show drag. O artista brasileiro-americano já trabalho antes em nosso país, com, entre outros, Aviões & Arranha-céus (2002). Império, que teve estréia na semana passada no Kunstencentrum Nona é uma performance/palestra extremamente hilária sobre um assunto sério, alienante e até apavorante; o nacionalismo americano.

Seabra começa com uma análise do hino nacional americano. Este hino é cantado regularmente por divas pop em eventos esportivos. Vocês lembram claro do incidente com o seio de Janet Jackson e a confusão que isto causou. Mas não se ri do hino. E muito menos da bandeira da qual o hino fala. No hino, a questão mais importante é se a bandeira com suas estrelas e listras ainda tremula depois da batalha. O texto não oferece uma resposta: mantém-se a pergunta em aberto. Seabra mostra fragmentos destas divas pop cantando o hino alternando com texto num telão. De acordo com o Seabra os pontos de interrogação gradualmente desaparecem do texto da mœsica. Uma omiss‹o significativa?

Seabra mostra como dobrar corretamente a bandeira americana e mostra o tipo de filmes propaganda dos quais são feitos paródias nos Simpsons: aquelas animações bestas que martelam para dentro da cabeça das crianças a constituição, os fundadores da nação e a bandeira. Mesmo se você já tenha visto estas paródias, os originais continuam mais aterrorizantes do que bobos.

A América se comporta como um império, mas perde as estribeiras porque lhe falta um imperador ou imperatriz. Quando Seabra diz isso, ele se despe e um pouco depois vira uma clone da Beyoncé. Ela é Rickyoncé, imperatriz de um país bootyliscious (uma piscadinha para a Beyoncé assim como é o subtítulo da peça: Love to Love You, Baby, um de seus maiores sucessos).

O tom da performance não muda mesmo depois da transformação. A diva drag continua nos dando seriedade mas montada linda e loira. No seu laptop ela surfa pelo Google Earth onde ela tem marcado todas as bases aéreas americanas no globo. Seabra não faz comentários aqui mas a imagem do seu laptop é projetada num telão atrás dele e ele mistura estas imagens com These Boots Are Made For Walking da Nancy Sinatra. O poder é, na verdade, tão simples quanto sapatos; você precisa de um para andar e o outro para conquistar o mundo. Mais tarde, Rickyoncé também mostra os seus guerreiros: ela os acha surfando o site pornográfico gay: www.malecorps.com

Império é uma performance doce, leve e inteligente. Seabra não faz muito mais que colecionar imagens de TV, filmes e Internet que cabem no tema. Um pouco como o Michael Moore. Mas o Seabra não sente a necessidade de convencer a sua platéia. Moore constrói os seus argumentos com um martelo - que tem o seu valor. Mas o Seabra o faz com uma piscadinha.

- Marc Cloostermans

cartazes antigos:

2006
Estreia, Kunstencentrum NONA, Mechelen, Belgica

2008
Caixa Economica de Brasilia (contemplado pelo edital da Caixa 2007)
Brakke Grond, Amsterdam, Holanda
De Kikker, Utrecht, Holanda
KaaiTheater, Bruxelas, belgica
Teatro Corrosia, Almere Holanda
Caixa Cultural Curitiba
Festival Panorama de Dança, Rio de Janeiro
Fesival Exodos, Eslovênia

2009
Nova Co-produção com Kaai Theater Bruxelas
Teatro Cacilda Becker, Rio de Janeiro
Primeiro Festival de Performance de Belo Horizonte

 

 

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yo@rickyseabra.com

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